Certamente, há muito que dizer sobre apreciar nosso trabalho. Fazemos um trabalho melhor quando fazemos coisas que gostamos de fazer. Em alguns campos de empenho — atletismo, por exemplo — a apreciação afeta tão grandemente a qualidade do nosso trabalho que deixá-lo pode ser uma necessidade prática quando nossa “alma” sai do que fazemos. Mas nos mais banais domínios do esforço humano, nosso trabalho pode raramente ser posto de lado simplesmente porque não o apreciamos mais. Por exemplo, pouquíssimos de nós têm a independência financeira para tomar a atitude de largar o trabalho de nossa vida. Mais objetivamente, quem vai dizer que fazemos o que fazemos simplesmente por gostar disso?
O fato é que a maioria das coisas dignas de serem feitas na vida precisa ser feita, quer gostemos delas no momento ou não. Dizer que não as faremos, de modo nenhum, se não acharmos algum prazer nelas é dizer que não temos prioridade mais alta em nosso trabalho do que tirar prazer dele. Este não é, francamente, o caso. Pode haver certas atividades periféricas na vida pelas quais a apreciação é a exigência primária, mas as coisas verdadeiramente significativas merecem nossa atenção, quer sintamos prazer nelas, quer não.
Lembremo-nos de que há uma coisa chamada de dever, e que o dever nem sempre é uma má idéia. O que devemos fazer se situa mais alto do que aquilo que nos dá prazer fazer. O desprazer não é um mal inqualificável, nada mais do que o prazer é um bem inqualificável. Onde estaríamos se Jesus tivesse dito, “Bem, se não posso apreciar morrer pelos pecados do mundo, então jamais farei isso”? Não foi por qualquer prazer na morte em si, mas pela alegria que estava proposta diante dele, que ele suportou a cruz, desprezando o opróbrio (Hebreus 12:2). Ele rendeu sua vida porque era certo fazer isso, e porque sua mais alta prioridade era agradar ao Pai (João 4:34; 6:38).
Na maioria das vezes, contudo, não há razão por não cumprir ambas as prioridades: podemos apreciar fazer o que devemos fazer! De fato, aprender a amar o que temos que fazer é uma parte maior de tornarmo-nos um ser humano maduro. Quando atingimos o ponto onde nossos corações e nossos sentimentos se tornarem tão afinados com o que é certo que coincidem com as obrigações de nossa vontade, então teremos crescido em sabedoria com respeito às coisas genuinamente boas do mundo. Sentimentos vêm e sentimentos vão, como todos nós aprendemos desde cedo. Mas os homens e mulheres verdadeiros são aqueles que são capazes de pôr de lado, temporariamente, seus sentimentos desagradáveis, para conseguirem fazer o que é permanentemente bom. Nossos impulsos precisam ser subordinados aos nossos princípios, e fazer isso não deverá tornar-nos infelizes.
Nossa mais alta motivação deve ser agradar a Deus. Paulo disse, “É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis” (2 Coríntios 5:9). Se nosso caráter é o que deve ser, tudo o que agrada a Deus trará alegria aos nossos corações, ainda que o ato envolva algum desprazer na superfície. Seremos capazes de dizer, “Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração está a tua lei” (Salmo 40:8).
Gary Henry