SUDÃO - Reportagens da BBC e do The Sudan Tribune relataram que uma cristã do sul do Sudão, onde a maioria da população é cristã, foi açoitada em cartum por se vestir de modo inadequado.
Embora o Norte do Sudão, incluindo a capital Cartum, seja governado pela sharia (a lei islâmica) ela não pode ser aplicada aos sulistas que se encontram no norte. Essa é uma das condições previstas no acordo de paz estabelecido entre o norte e o sul, em 2005.
Segundo a BBC, diversas sudanesas foram açoitadas por usarem calças. Uma delas, Lubna Ahmed al-Hussein, disse à BBC que foi presa com outras 12 mulheres em um restaurante em Cartum, por um grupo de 20 a 30 policiais. Foram presas por usar calças.
Segundo Lubna, a maioria das mulheres foi considerada culpada e recebeu imediatamente dez açoites cada uma.
Ela acrescentou que havia muitas sulistas entra as mulheres punidas. Lubna, que é do norte, pediu a presença do seu advogado. Ela ainda espera por sua sentença.
Yasir Arman, membro do Movimento de Libertação Popular do Sudão, operante no sul, disse à Reuters que ele foi convocado para investigar o caso, a fim de ver porque as mulheres do sul não receberam a proteção adequada.
“Essa situação é totalmente reprovável. Ela infringe os direitos da mulher e do jovem. Creio que a Comissão pelos Direitos dos Não-Muçulmanos, de Cartum, irá investigar a questão”. A Comissão mencionada foi criada debaixo do acordo de paz de 2005.
Yasir disse que atitudes como essas boicotam as chances de unificar o país.
Um referendo foi marcado para janeiro de 2011, no qual o sul poderá decidir se quer se unir ou se separar do norte do Sudão. O Movimento de Libertação Popular do Sudão repetidamente se queixa de que problemas na implementação do acordo de paz dificultam a aceitação do sul de se unir ao norte.