ERITREIA - Segundo fontes na Eritreia, 27 prisioneiros cristãos, detidos em delegacias da capital Asmara, foram transferidos para o Campo de Concentração Militar de Mitire, ao nordeste do país.
Entre esses cristãos estavam o pastor Oqbamichel, da Igreja Kale Hiwot; pastor Habtom Twelde, da Igreja do Evangelho Pleno; pastor Jorjo, também do Evangelho Pleno; irmão Tesfagaber, da Igreja do Deus Vivo; irmão Hanibal, da Igreja do Deus Vivo, irmão Berhane Araia, da Igreja do Evangelho Pleno; e irmão Michel Aymote, da Igreja Filadélfia.
Todos os testemunhas de Jeová presos nas delegacias de Asmara também foram transferidos.
Desde maio de 2002, apenas as igrejas Ortodoxa, Católica e Luterana são reconhecidas pelo governo eritreu como denominações cristãs “históricas” e têm permissão para se reunir.
Mais de 2.800 cristãos estão presos no país. A maioria deles foi detida enquanto estava reunida em igrejas não-registradas. Eles são sujeitos à tortura e a condições de prisão severas.
Igreja ortodoxa resiste a instruções do governo
O governo também tem congelado as contas bancárias de clérigos da Igreja ortodoxa, afetando todos os que trabalham na instituição, inclusive professores de um colégio ortodoxo em Asmara, que estão sem receber seus salários há dois meses.
Isso se deu depois que alguns clérigos se recusaram a entregar o orçamento de sua paróquia para o administrador geral da Igreja Ortodoxa, Yoftahe Dimetros. Os orçamentos seriam submetidos ao controle do governo. Dimetros não é clérigo ordenado, e foi colocado em sua atual posição pelo governo, em agosto de 2005.
Em um ultimato entregue à sede da Igreja Ortodoxa em Asmara, em dezembro de 2006, o Estado exigiu que todas as ofertas e dízimos coletados pela Igreja deveriam ser depositados diretamente na conta do governo. De acordo com essa diretriz, o salário de todos os padres ortodoxos seria pago a partir desse fundo controlado pelo governo.
A liderança da Igreja Ortodoxa aceitou a exigência do governo na época.
Saúde de ex-patriarca deteriora
O patriarca da Igreja Ortodoxa Abune Antonios, detido em prisão domiciliar, está ficando com sua saúde cada vez mais debilitada. Diabético, Abune sofre problemas no fígado. Fontes acrescentaram que ele ainda tem problemas nas pernas e falta de apetite.
Antonios foi nomeado pelo papa copta ortodoxo Shenoudah III como o terceiro patriarca da igreja Ortodoxa na Eritreia, em março de 2004. De acordo com a constituição da igreja, a eleição de um patriarca é para sempre, e não pode ser revogada. No entanto, o regime do presidente Isaias Afwerki retirou a nomeação de Antonios e o colocou sob prisão domiciliar. Depois de aquietar o administrador, o governo indicou Abune Dioscoros como sucessor não-oficial de Antonios. Os clérigos ortodoxos que criticaram essa decisão foram presos.