INDONÉSIA - Desde dezembro de 2008, Welhelmina Holle, 49 anos, tem atraído a atenção de muitos. Ela foi acusada de causar um conflito religioso nas Ilhas Molucas na época.
Welhelmina é professora de matemática e língua indonésia do ensino fundamental. Ela está detida no Centro de Detenção da Promotoria na cidade de Masohi, esperando pelo veredicto do tribunal. Seu julgamento aconteceu em 15 de abril.
No Domingo de Páscoa, 12 de abril, uma equipe da Portas Abertas Internacional visitou Welhelmina. Acompanhados de uma pastora e três líderes da igreja, a equipe orou por ela. Ela ficou encantada, seu sorriso se abria enquanto ela vinha nos cumprimentar.
A professora parecia saudável. Mas seu rosto mal conseguia esconder as provações pelas quais tem passado. Além da detenção, Welhelmina não tem recebido seu salário, embora o caso dela ainda esteja em julgamento. Além disso, o chefe-regente da ilha de Molucas Central emitiu um decreto, despedindo-a da escola.
A conversa com Welhelmina começou com um tom bastante emotivo. Lágrimas escorriam de seus olhos. “Eu não sou culpada”, ela repetia.
Acusada de blasfemar
Quatro dias antes do conflito de 9 de dezembro, um detetive pediu a Welhelmina para depor na delegacia de Masohi, pois ela havia sido acusada de difamar o islamismo. Pega de surpresa, Welhelmina afirmou ser inocente. “A acusação era falsa. O que sempre fiz, na verdade, foi animar meus alunos a obedecerem a Deus”, ela disse.
Welhelmina achou que seria a reunião com a polícia seria inofensiva. Nos dias que se seguiram, ela e sua família receberam ameaças de morte, por telefone e mensagens no celular. “Fiquei desapontada, a crise se prolongou em vez de acabar. Nas ameaças, diziam para eu não fugir de casa. Eu lhes dizia que estava pronta para defender a verdade, pois jamais insultei qualquer religião.”
Forçada a confessar
Em uma conferência de imprensa em janeiro de 2009, perante autoridades do governo, policiais e repórteres, Welhelmina confessou o que foi acusado contra ela e até pediu perdão às comunidades cristã e muçulmana nas Molucas.
Ela, entretanto, afirmou ter feito isso sob pressão. “O chefe de polícia da província das Molucas me obrigou”, disse ela.
Antes da conferência, Welhelmina foi questionada por Latuheru, um promotor público. Em um interrogatório que durou das 16 horas à meia-noite, Latuheru forçou-a a confessar o crime, mas ela se recusou.
O inspetor lhe disse que seria melhor Welhelmina admitir a culpa, pois um aluno havia testemunhado contra ela. “Se é assim, não há nada que eu possa fazer. Mas vamos descobrir [a verdade] na audiência”, foi tudo o que ela conseguiu responder.
Welhelmina, que devotou 25 anos de sua vida à educação, ficou chocada com os vários testemunhos apresentados contra ela no tribunal. Considerado seu cargo e bons registros na área da educação, as acusações feitas contra Welhelmina estavam fora de seu padrão de comportamento.
“Se eu quisesse insultas o islamismo, poderia ter feito isso há muito tempo, quando eclodiram os conflitos de 1999. Na verdade, insisti em ficar na escola durante aquele período. Tenho sido uma professora dedicada, não há como eu fazer as coisas das quais sou acusada”, ela afirmou.
Caso aberto
Na oitava audiência do caso, realizada em 15 de abril, o tribunal leu as acusações. Se for condenada, Welhelmina será sentenciada a um ano de prisão. Ela conta com a defesa de dois advogados os quais, segundo ela, “têm sido muito prestativos”.
A pastora Maureen Latuihamlio, da Igreja Protestante das Molucas, (GPM, sigla em indonésio) da vila Letwaru, tem cuidado de Welhelmina, fazendo-lhe visitas e orando por ela. Para Maureen, o julgamento parece forjado. “Tudo parece uma armação”, ela disse.
O tribunal também tem levantado questões irrelevantes ao caso, como, por exemplo, um incidente de 2007, no qual Welhelmina repreendeu alguns alunos que atiraram uma bola contra seu rosto.
A pastora Maureen lamenta o fato de a escola ter deixado o tribunal intervir, em vez de resolver o problema. Depois de longas horas examinando e ministrando à professora, Maureen certificou-se de sua inocência. “Mas a essa altura, apenas um milagre de Deus pode livrá-la da prisão”, a pastora disse.
Ao fim da visita da Portas Abertas, Welhelmina expressou seu desejo de ser libertada. “Sempre peço a Jesus para me libertar, e também para ele revelar a verdade aos meus acusadores”, disse ela, chorosa. “Para aqueles que têm me apoiado em oração, muito obrigada.”